O secretário de Estado do Emprego defendeu esta quarta-feira que a economia social é uma “prioridade” do Governo e que Portugal é procurado por outros Estados pelo exemplo nas parcerias no setor social.
“A economia social é uma prioridade a todos os níveis para o Governo português e há algumas razões para isso. Desde logo, apesar das suas raízes seculares, a economia social está a tornar-se cada vez mais importante porque é um ‘driver’ do crescimento inclusivo e de coesão territorial, ajuda a criar trabalho e promove também a inclusão dos grupos mais vulneráveis”, disse Miguel Cabrita, durante a conferência “Pact for Impact”, no Museu Quai Branly, em Paris.
O governante português esteve hoje na capital francesa nesta conferência num painel com o tema “Agenda 2030: Não é possível atingir os Objetivos do Desenvolvimento sustentável sem uma economia social e inclusiva!”, onde a discussão se fez à volta do papel da economia social, não só para os Estados, mas para as organizações não governamentais e fundações.
“Aquilo que a economia social permite fazer é responder às necessidades coletivas, sejam elas de consumo, de habitação, da área social ou da educação, não através da lógica do lucro, mas da satisfação das necessidades coletivas. É um espaço muito grande que há em todos os países e o que se está procurar fazer aqui é uma aliança, não só de países, mas de organizações”, disse o secretário de Estado em declarações à agência Lusa.
Portugal integra atualmente uma aliança europeia de diversos países para a promoção da economia social e o Governo francês, que lidera a iniciativa, organizou esta conferência em Paris para juntar vários atores mundiais, abrindo a discussão para além da Europa.
Segundo o secretário de Estado, Portugal tem recebido o interesse de outros países na forma como lida com a economia social, porque “vários governos nacionais têm apostado em parcerias com o setor social”, mas também por medir esta economia transversal a diferentes setores.
“Portugal tem uma experiência especial por ter um mecanismo de informação sobre a dimensão da economia social, que é uma conta satélite, que permite que haja informação específica sobre a economia social”, indicou Miguel Cabrita, referindo o trabalho do Instituto Nacional de Estatística (INE), que deverá lançar novos números sobre esta matéria nos próximos dias.
Um dos intervenientes na conferência, Jude O’Reilly, diretor da área social da Fundação Skoll — criada por Jeffrey Skoll, primeiro presidente da Ebay e com um património estimado em cerca de quatro mil milhões de dólares, chamou a atenção para o facto de a ajuda internacional norte-americana não apostar diretamente na economia social dos países que auxilia financeiramente.
“Grande parte do dinheiro é dado a ocidentais que trabalham nos países que precisam e só 4% da ajuda foi diretamente para os governos. Temos de ter a coragem como financiadores de conhecer as comunidades e os líderes que queremos ajudar”, indicou Jude O’Reilly.
A conferência “Pact for Impact” é organizada pelo Ministério da Transição Ecológica e Solidariedade e pelo Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros, com o apoio do Presidente da República de França, Emmanuel Macron.
Fonte: Paris, 10 jul 2019 (Lusa)