O Presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, considera que a banca cooperativa tem “uma importância fulcral no sentido da coesão territorial, social e económica”.
“Tem um papel especial”, afirmou, esta segunda-feira, Francisco Assis, na conferência “O movimento regulatório europeu e o estatuto da banca cooperativa: desafios e oportunidades”, promovida pela Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo (FENACAM), em Lisboa, sublinhando que “os bancos de proximidade compreendem melhor as ânsias, caraterísticas e dificuldades das populações das áreas em que estão inseridos”.
Num debate que contou também com a presença do Presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Vítor Bento, e do antigo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, o Presidente do CES salientou a importância da existência de confiança nas instituições.
“Temos de ter instituições que produzam confiança e as Caixas de Crédito Agrícola estão alicerçadas numa base de confiança que resulta de contacto direto”, asseverou Francisco Assis, lembrando que, quando pensamos na criação de uma União Bancária, “temos de ter presente que a articulação técnica a nível europeu pressupõe também a aceitação por parte das pessoas a quem se dirige”.
Referindo, como exemplo, a “desconfiança conhecida dos povos dos países nórdicos em relação ao sul”, o Presidente do CES defendeu que “as dificuldades têm de ser ponderadas e a resolução do impasse deve ser do Conselho Europeu”.
“O Conselho Europeu é hoje um fator de coesão”, asseverou, alertando para os riscos de populismo associados ao sector da banca, mas mostrando-se otimista. “Tem havido a preocupação de retirar dos contribuintes o ónus das dificuldades dos bancos”, disse.
Na análise ao papel do Banco Central Europeu (BCE), Francisco Assis explicou que “o BCE tem agido com muita independência e teve um papel fundamental em muitas das crises na Europa”. O Presidente do CES considerou, ainda, que o BCE é “uma das poucas instituições absolutamente federais”, referindo, em jeito de conclusão, que (o BCE) “atreveu-se a fazer interpretações criativas dos Tratados. Algo que os poderes políticos não foram capazes de fazer”.