Sendo a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES) a fiel depositária da biblioteca e parte do arquivo que pertenceu a António Sérgio (1883-1969) – grande ensaísta do séc. XX, e tendo assumido a missão da preservação e divulgação do seu espólio, assim como a divulgação da sua figura e obra, em 2021, a CASES lançou o Concurso António Sérgio (1883-1969) – chamada a um ensaio. O trabalho vencedor foi, por decisão unanime do júri do concurso *, o ensaio António Sérgio: um dissidente em constante busca de sentido, da autoria de Sérgio Campos Matos, Professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, trabalho que, agora, a CASES publica, como parte da coleção Estudos de Economia Social. A presente edição conta, ainda, com um prefácio da autoria do Dr. Eduardo Graça, Presidente da Direção da CASES.
Resumo:
No pensamento de António Sérgio a memória individual ocupa aparentemente um lugar insignificante. No contexto de uma obra tão variada tudo parece obedecer a um ideal racionalista unitário de coerência íntima, a um impulso para a cidadania e expectativa de futuro melhor – o que se compreende se atendermos à intencionalidade de progresso, à marca libertária e à sede de absoluto que percorre o seu ideário. No entanto, a releitura de passagens autobiográficas esquecidas (modo de se observar a si mesmo e de se confrontar com o seu segredo íntimo) revela um complexo auto-retrato em que se torna evidente a necessidade de autojustificar o apelo de acção, a par de uma dimensão que durante muito tempo lhe foi negada: a marca romântica e mística de um dissidente das elites políticas e intelectuais do seu tempo, relativamente a uma mentalidade dominada pela dimensão material da vida e pela superstição do poder.
Sérgio Campos Matos, professor de História Contemporânea e Teoria da História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador do Centro de História
* Eduardo Graça – (Presidente do Júri) Presidente da CASES; Ângela de Almeida – Investigadora integrada do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias – Universidade de Lisboa; João Miguel Gonçalves – Diretor Geral da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE); João Príncipe – Professor auxiliar do departamento de Física da Universidade de Évora e membro integrado do IHC