12.12.2014
Candidaturas vencedoras e menções honrosas da 3ª Edição do Prémio Cooperação e Solidariedade António Sérgio
Foram apurados os vencedores da terceira edição do Prémio Cooperação e Solidariedade António Sérgio, nas suas quatro categorias:
• Inovação e Sustentabilidade
• Estudos e Investigação
• Formação Pós-graduada
• Trabalhos Escolares
O Prémio Cooperação e Solidariedade António Sérgio, criado em 2012 pela CASES, constitui uma forma pública e solene de homenagear as pessoas singulares e coletivas que, em cada ano, mais se tenham distinguido em domínios relevantes para a economia social.
A Cerimónia Pública de entrega do Prémio vai realizar-se brevemente em local a indicar.
Inovação e Desenvolvimento
Nesta categoria, o júri deliberou pela atribuição ex-aequo do prémio a duas entidades: Cresaçor – Cooperativa Regional de Economia Solidária, CRL e Fruta Feia – Cooperativa de consumo, CRL. Foram também atribuídas duas Menções Honrosas, à Cruz Vermelha Portuguesa e à Santa Casa da Misericórdia de Arganil.
O projeto Açores +: Promoção da Economia Solidária foi idealizado e desenvolvido pela Cresaçor para apoiar as estruturas e circuitos de comercialização das organizações com produtos e serviços de origem de economia solidária, com Selo de Garantia CORES, como forma de possibilitar e garantir o crescimento e sustentabilidade das empresas de economia solidária e de inserção social e a consequente integração laboral de públicos em risco de exclusão social. O Açores+ foi estruturado em torno de dois vetores estratégicos: Personalizar e credibilizar o Selo CORES e Promover a viabilidade das organizações que constituem a Rede de Economia Solidária dos Açores.
A cooperativa Fruta Feia foi criada em Julho de 2013 com o objetivo de reduzir o desperdício alimentar devido à aparência, encaminhando desde os agricultores até aos consumidores a parte da produção hortofrutícola atualmente rejeitada pelos grandes canais de distribuição por meras razões estéticas (formato, cor e calibre). A Fruta Feia funciona em dois pontos em Lisboa onde, uma vez por semana, faz a entrega de cabazes de hortofrutícolas dos agricultores da região Oeste aos consumidores associados à cooperativa. O principal objetivo da Fruta Feia é alterar padrões de consumo e criar um mercado para os 30% de produtos hortofrutícolas que são atualmente desperdiçados devido à sua aparência (e não à sua qualidade).
O projeto Estado Puro, da Cruz Vermelha Portuguesa, visa o acompanhamento do recluso, numa primeira fase, em meio prisional e, posteriormente, em meio livre, tendo como objetivo a construção de um projeto de vida integrado e sustentável. O projeto pretende dotar os reclusos de competências técnicas oficinais e a criação de uma Marca de produtos denominada Estado Puro e cujas receitas convergem para a sustentabilidade do projeto e para um Fundo de Reinserção para os reclusos e suas famílias, disponível aquando da sua reintegração em meio livre. A Marca Estado Puro primará pela reutilização e reaproveitamento de materiais recicláveis, numa ótica de preocupação, sensibilização e sustentabilidade ambiental.
A Santa Casa da Misericórdia de Arganil, com o projeto Uma via para o Desenvolvimento Sustentado – Centro multidisciplinar de atendimento permanente, criado ao abrigo do Programa CLDS, foi concebido enquanto resposta de proximidade destinada à população idosa do concelho. Esta ação abarca uma tipologia de intervenção integrada, inovadora, sustentada e em parceria e consiste na prestação de cuidados e serviços de natureza médico-social aliada a uma componente tecnológica (sistema de Teleassistência). As atividades definidas contemplam, entre outras, a organização e implementação de Equipas Multidisciplinares no terreno e a Manutenção do sistema de teleassistência e de monitorização 24 horas.
Estudos e Investigação
Na categoria de Estudos e Investigação foi premiado o estudo da Cáritas Portuguesa Estratégia para a promoção do emprego e dinamização do desenvolvimento local enquanto esteios de inclusão social, que tem como objetivos finais contribuir para a promoção do emprego e a dinamização do desenvolvimento local enquanto esteios da inclusão social; contribuir para a definição das linhas de ação mais adequadas para a solução dos problemas sociais identificados no estudo; definir um plano de ação para uma estratégia de reforço do capital humano, enquanto pilar do desenvolvimento local de base social, que promova a interação entre a rede básica de proteção social, a promoção do emprego e o desenvolvimento local.
Foram atribuídas duas Menções Honrosas, aos estudos de Cristiana Enes e de Teresa Pereira.
O trabalho realizado por Cristiana Enes Estudo de Economias de Escala numa IPSS – o caso das valências da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos propõe-se a explorar a existência de economias de escala em organizações do terceiro setor. A criação de uma vertente prática incidiu especificamente sobre a Santa Casa da Misericórdia de Barcelos.
O estudo de Teresa Pereira, As novas formas de capital nas organizações sem fins lucrativos – um estudo de caso na Delegação de Fafe da Cruz Vermelha Portuguesa analisa a importância atribuída no contexto de uma organização sem fins lucrativos às novas formas de capital (capital humano, capital social e capital intelectual) como fator determinante para o cumprimento eficaz da sua missão, procurando compreender em que medida as potencialidades destas novas formas de capital são percebidas e valorizadas pelos diferentes membros de uma organização sem fins lucrativos.
Formação Pós-Graduada
Nesta categoria foi premiado o curso de Pós Graduação em Economia Social – Cooperativismo, Mutualismo e Solidariedade, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. O objeto desta pós-graduação é a economia social nas suas várias vertentes organizativas, com destaque para as que têm uma identidade historicamente mais marcada e uma importância social mais nítida, como é o caso das cooperativas, das mutualidades e das instituições de solidariedade social no seu todo. Pretende-se uma familiaridade maior com os problemas que os protagonistas das organizações da economia social vivem no seu dia-a-dia, para que possam ser assim ajudados a pilotá-las através das conjunturas socioeconómicas que atravessem.
Trabalhos Escolares
Nesta categoria foi premiada a Escola Profissional Mariana Seixas com Projetos empreendedores, inovadores, sustentáveis e com responsabilidade social que envolveram os alunos ao longo do ano, na elaboração de diversos projetos integrando as áreas da Ciência, Tecnologia, Inovação Social com desenvolvimento integrado na comunidade, e na participação em projetos de economia social e solidária. Alguns destes projetos: SmartGear – Casaco inteligente para bombeiros; WatterSaver – Sistema de poupança de água potável; EPMS-Energy Production by Microturbine System; e o projeto YoungVolunTeam que desenvolveu e dinamizou diversas ações de caráter social e voluntariado.
Foi ainda atribuída uma Menção Honrosa ao Clube Viver a Vida, da Escola Básica do 2º e 3º ciclo Dr. Horácio Bento de Gouveia, da Região Autónoma da Madeira (Funchal). Este Clube, criado há nove anos, organiza e dinamiza, em parceria com organizações não-governamentais, diversas ações de rua, cursos de voluntariado e socorrismo, campanhas de recolha de materiais para reciclagem e campanhas de solidariedade, nas quais toda a comunidade educativa (alunos, funcionários, professores, pais e encarregados de educação) é convidada a participar durante o ano letivo.
Fizeram parte do Júri, nesta terceira edição, para além do Presidente do júri e Presidente da Direção da CASES, Dr. Eduardo Graça, representantes nomeados por cada uma das entidades cooperadoras da CASES:
• Dra. Ana Maria Silva – UMP (Mutualidades)
• Engª Cátia Rosas – CONFAGRI
• Dr. Eleutério Alves – CNIS
• Dr. Fernando Cardoso Ferreira – UMP (Misericórdias)
• Sr. José Luis Cabrita – CONFECOOP
• Prof. Rogério Roque Amaro – ANIMAR
Quem foi António Sérgio
António Sérgio de Sousa (Damão, 3/9/1883 – Lisboa, 24/1/1969)
Democrata, ensaísta, pedagogo e reformador das mentalidades, António Sérgio foi Ministro da Instrução Pública na 1ª República, com vasta obra publicada que se estende da teoria do conhecimento à filosofia política e educação. Afirmou-se na área da Educação com obras e pensamento originais, tendo dirigido publicações periódicas e fundado o movimento Renascença Portuguesa, precursor da reforma do ensino a seguir à Proclamação da República. Os seus escritos, nas mais diversas áreas, revelam uma filosofia com profundas implicações humanas e sociais. Defendeu a doutrina democrática a nível de organização política, uma conceção da pedagogia que valorize a criança e o jovem como seres criativos, e foi o maior divulgador das teorias cooperativas europeias e o principal ideólogo do cooperativismo em Portugal. Exilado político por diversas vezes no período do Estado Novo, das suas obras destacam-se Educação Cívica (1915) e oito volumes de Ensaios (1920-1958).