Origem e Génese do Microcrédito

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Ideias relacionadas com microcrédito encontram o seu desenvolvimento em diversas alturas da história moderna, desde a concessão de pequenos empréstimos a trabalhadores vulneráveis da indústria pelas sociedades de crédito irlandesas nos séculos XVIII e XIX, período que coincidiu com a Grande Fome no país, até à criação dos primeiros exemplos de cooperativas bancárias para apoiar agricultores na Alemanha rural do século XIX. No seu cerne, a génese do microcrédito manteve-se até hoje, abarcando a prestação de modestos empréstimos a indivíduos de recursos limitados ou aqueles situados em contextos economicamente vulneráveis, que tradicionalmente carecem de acesso aos serviços financeiros convencionais oferecidos por bancos e instituições de crédito.

Na sua história contemporânea, o desenvolvimento e afirmação do conceito de microcrédito está indissociavelmente ligado aos esforços do economista Muhammad Yunus, oriundo do Bangladesh. Em 1976, Yunus embarcou na iniciativa pessoal de disponibilizar pequenos empréstimos pessoais a 42 mulheres residentes em alguns dos mais pobres bairros de Jobra, uma vila próxima à universidade onde lecionava, com o intuito de mitigar as suas vicissitudes financeiras e possibilitar o desenvolvimento das suas atividades profissionais como o artesanato e a tecelagem.

Esta experiência demonstrou o notável impacto que tal assistência financeira poderia exercer e levaria Yunus à fundação, em 1983, do Grameen Bank, a primeira instituição financeira do mundo especializada em microcrédito. Esta inovação estendeu a inclusão financeira a segmentos marginalizados e a indivíduos previamente excluídos do quadro financeiro convencional e foi a causa do despoletar de atenção para o microcrédito e  microfinança como meios de combate à pobreza e como modelos bem de negócio bem-sucedidos, levando à expansão deste modelo a nível mundial . O seu sucesso no combate à pobreza valeu ainda a Yunus o Prémio Nobel da Paz em 2006.

Atualmente, a União Europeia mantém um Código Europeu de Boa Conduta para a Concessão de Microcrédito, que reflete a expansão do setor para várias instituições financeiras tais como bancos comerciais, caixas de poupança, bancos cooperativos e bancos públicos, mas também para entidades não bancárias, como instituições de microfinanciamento, fundações, cooperativas de crédito, associações de beneficência, ONGs e outras. Entendeu-se que o microcrédito é além de uma ferramenta de combate à pobreza, um mecanismo capaz de promover o emprego, a igualdade de oportunidades e a inclusão, assim como de alavancar o potencial económico das microempresas, representando estas mais de 90% das empresas na Europa.

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